Abril é, tradicionalmente, o mês da Páscoa, o tempo
de renovação da Natureza (se os ciclos se mantivessem como antigamente), o
momento certo para recordar com mais intensidade um homem que continua a ser um
exemplo para os homens de todos os tempos, de todas as ideologias políticas e
religiosas. Ser consensual a este ponto não é fácil nos tempos que correm nem o
foi no seu próprio tempo. É preciso ser bom. É preciso talento. Pois ele é das
figuras históricas e religiosas mais analisadas, mais estudadas e que, no
entanto, nos deixa sempre margem para o mistério, nos permite um espaço, maior
ou menor, de incompletabilidade.
Depois de mil leituras sobre esta figura fascinante
que me acompanha desde a mais tenra idade, continuo maravilhado com as questões
que, tantos anos depois, ainda se me colocam, sem por isso diminuir essa
admiração e a vontade de ter sido seu amigo. Quem foi, afinal? Como conseguiu
com o seu exemplo e com a sua palavra pôr em risco um império? Que carisma é preciso
possuir para, como ele, ter arrastado, e arrastar ainda, multidões? Realizou
milagres? Não sei, nem acho isso importante. Amou uma mulher? Se proclamava o
amor, seria justo e lógico dar o exemplo. Queria nivelar a sociedade em termos
de riqueza e de oportunidades? Estava, decerto, muito à frente do seu tempo.
Mexeu nos ninhos de cobras dos ricos e poderosos? Mexeu… e de que maneira.
O mais irónico é que, se tivesse nascido há 33 anos,
ali, num estábulo perto da nossa cidade, muito provavelmente estaria igualmente
prestes a ser crucificado no monte mais alto aqui da região. Talvez no Castelo
ou ao lado da Ermida da Senhora da Visitação, sua Mãe. Entre ladrões e
malfeitores. Entre drogados e prostitutas. Entre os que ele mais amou e
defendeu. E, mais uma vez, não recusaria a morte. Porque sabia que o seu nome
iria continuar acima de todos os nomes, porque defendera os fracos, os
oprimidos, os humildes, os doentes, os abandonados, os injustiçados, as vítimas
de toda e qualquer intolerância.
Porque iria ser o consolo de quem n’Ele acredita.
Porque Ele sabia que iria ser o Irmão mais velho que todos gostaríamos de ter.
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