Ainda que demorem a concretizar algumas das actualizações a que
a Igreja Católica se deveria submeter para, na minha opinião, se situar ainda
mais perto dos seus fiéis, em particular, e dos cristãos de uma forma geral, só
o comportamento do novo Papa é, por si só, revelador de que algo diferente
começou a surgir no horizonte. Depois da última anunciação “Habemus Papam”,
todos, católicos e não católicos, estavam à espera que o novo hóspede do
Vaticano viesse dar continuidade ao ar formal de Ratzinger e a tudo o que este
Papa simbolizava. Mas não. Assistimos à ascensão de um líder espiritual e
político mas que não se esquece que é um homem que, tal como os outros homens,
está neste mundo com uma missão. A sua já se tornou visível. Se João Paulo II
foi o Papa Peregrino (e o que, até então, mais seguidores tinha), Francisco
será, para mim, o Papa Sem Medo, o Papa Social, o Papa Descontraído, protector
dos mais pobres, dos mais tristes, dos mais abandonados pelos seus próprios semelhantes.
A sua figura, o seu sorriso, as suas constantes fugas ao rígido protocolo, as
suas intervenções, quase à revelia do exigido, são factores que têm conquistado
a simpatia e a admiração de crentes, agnósticos e ateus e que, tenho a certeza,
aos poucos, vão impondo algumas novas regras, desconcertantes é certo, nos até
agora frios corredores do Vaticano.
Creio que podemos começar a afirmar, sem receio de errar,
que no Vaticano a tradição já não é o que era. E essa mudança tem um rosto e um nome: Jorge Mario Bergolio. Francisco para os amigos.
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